O VERDADEIRO SIGNIFICADO DA CRUZ
O
Verdadeiro Significado da Cruz
Propiciação: Ato realizado para aplacar a ira de
Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua justiça, tendo como
resultado o perdão do pecado e a restauração do pecador à comunhão com Deus. No
AT a propiciação era realizada por meio dos sacrifícios, os quais se tornaram
desnecessários com a vinda de Cristo, que se ofereceu como sacrifício em lugar
dos pecadores. (Ex 32:30; Rm 3:25; I Jo 2:2; v. Expiação).
1) Qual o motivo da necessidade da propiciação? 2) Quem a
fez? 3) E o que ela é?
Motivo da necessidade da propiciação
v O
pecado suscita a ira de Deus.
Isto não quer dizer que Ele é capaz de explodir diante da mais trivial
provocação, muito menos que Ele perde as estribeiras por algum motivo aparente.
Nada há de caprichoso ou arbitrário em Deus. Ele não é irascível, malicioso,
rancoroso ou vingativo. A ira dEle não é misteriosa nem irracional. Jamais é
imprevisível, mas sempre previsível por ser provocada pelo mal e pelo mal somente.
A ira de Deus é o Seu antagonismo firme, constante, contínuo e descomprometido
para com o pecado em todas as suas formas e manifestações. Em resumo, a ira de
Deus está mundos à parte da nossa. O que provoca a nossa ira (a vaidade ferida)
jamais provoca a dEle;
Quem faz a propiciação
v Foi
o próprio Deus que, em sua misericórdia e graça, tomou a iniciativa. Num contexto pagão são sempre seres
humanos que procuram desviar a ira divina mediante a realização meticulosa de rituais,
ou através da recitação de fórmulas mágicas, ou por meio de oferecimento de
sacrifícios (vegetais, animais e até mesmo humanos). Pensam que tais práticas
aplacam a divindade ofendida. Mas o Evangelho começa com a afirmação ousada de
que nada do que possamos fazer, dizer, oferecer ou até mesmo dar pode compensar
os nossos pecados nem afastar a ira divina. Não há possibilidade alguma de
bajularmos, subornarmos ou persuadirmos Deus a nos perdoar, pois nada merecemos
das Suas mãos a não ser o julgamento. Nem Cristo, por meio do Seu sacrifício,
prevalece sobre Deus a fim de que Ele nos perdoe. Não, foi o próprio Deus que,
em misericórdia e graça, tomou a iniciativa. Este fato já estava claro no AT,
pois nele os sacrifícios eram reconhecidos não como obras humanas, mas como
dádivas divinas. Eles não tornavam a Deus gracioso; eram providos por um
gracioso Deus a fim de que pudesse agir graciosamente para com seu povo
pecaminoso. Em Levítico 17:11 está escrito: “Eu vo-lo tenho dado sobre o altar
para fazer expiação pelas vossas almas”. E o NT reconhece essa verdade com
clareza, e não menos os textos principais acerca da propiciação. O próprio Deus
“apresentou” ou “propôs” a Jesus Cristo como sacrifício propiciatório (Rm
3:25). Não é que tenhamos amado a Deus, mas que Ele nos amou e enviou o Seu
Filho como propiciação pelos nossos pecados (I Jo 4:10). “A expiação não
assegurou a graça, mas fluiu dela”. Deus não nos ama porque Cristo morreu por
nós; Cristo morreu por nós porque Deus nos amou. É a ira de Deus que
necessitava ser propiciada, é o amor de Deus que fez a propiciação. Se pudermos
dizer que a propiciação “mudou a Deus” ou que por meio dela Ele mudou a si
mesmo, esclareçamos que a Sua mudança não foi da ira para o amor, da inimizada
para a graça, visto que o Seu caráter é imutável. O que a propiciação mudou foi
os seu tratos para conosco. O sentimento de Deus para conosco jamais necessitou
mudar. Mas o tratamento de Deus com referência a nós, o relacionamento prático
de Deus para conosco – esse teve de mudar – Ele nos perdoou e nos recebeu no
lar.
O que é e qual foi o sacrifício
propiciatório
v Ao
dar o Seu Filho, Deus estava dando a si mesmo. Foi o Filho de Deus, isto é, o
próprio Deus. Não foi
animal, vegetal nem mineral. Não foi uma coisa, mas uma pessoa. E a pessoa que
Deus ofereceu não foi alguém mais, uma pessoa humana ou um anjo, nem mesmo o
Seu Filho considerado como alguém distinto dEle ou exterior a si mesmo. Não,
Ele ofereceu-se a si mesmo. Ao dar o Seu Filho, ele estava dando a si mesmo.
Foi o Filho de Deus, isto é, o próprio Deus. O fato de que foi o Filho de Deus,
de que foi o próprio Deus, quem tomou o nosso lugar no Gólgota e, através desse
ato, nos libertou da ira e do Juízo Divino, revela primeiro a implicação total
da ira de Deus e a Sua justiça condenadora e punitiva. Foi o Filho de Deus,
isto é, o próprio Deus, que tomou o nosso lugar na Sexta-Feira da Paixão, para
que a substituição fosse eficaz e pudesse assegurar-nos a reconciliação com o
Deus justo. Somente Deus, nosso Senhor e Criador, poderia colocar-se como nossa
segurança, poderia tomar nosso lugar, poderia sofrer a morte eterna em nosso
lugar como consequência de nossos pecados de tal modo que ela fosse finalmente
sofrida e vencida. E tudo isso foi a expressão não somente da santidade da
justiça divina, mas também das perfeições do amor divino, do santo amor divino.
Portanto, o próprio Deus está no coração de nossa
resposta às três perguntas acerca da propiciação divina:
ü
É
o próprio Deus que, em ira santa, necessita ser propiciado;
ü
O
próprio Deus que, em Seu santo amor, resolveu fazer a propiciação;
ü
E
o próprio Deus que, na pessoa do Seu Filho, morreu pela propiciação dos nossos
pecados.
Assim, Deus tomou a Sua própria iniciativa amorosa de
apaziguar Sua própria ira justa levando-a em Seu próprio ser no Seu próprio
Filho ao tomar o nosso lugar e morrer por nós. Não há nenhuma grosseria aqui
que evoque o nosso ridículo, apenas a profundeza do santo amor que evoca a
nossa adoração.
No pensamento paulino o homem é alienado de Deus pelo
pecado e Deus é alienado do homem pela ira. É na morte substitutiva de Cristo
que o pecado é vencido e a ira desviada, de modo que Deus possa olhar para o
homem sem desprazer, e o homem olhar para Deus sem temor. O pecado é expiado, e
Deus propiciado.
Extraído de: Cruz de Cristo, páginas 154 a 156 (autor:
John Stott)
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